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quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Mais do mesmo

Movidos pelo instinto sobreviveremos. Ao ver Fernando Pessoa dizendo: "...O sagrado instinto de não ter teorias", penso: Realmente sagrado!
Numa reunião desorganizada de dúvidas se esconde nossa verdadeira essência. Coberta desse betumi de indagações mal feitas sobre as coisas. Aí está o problema. Nada se contempla.
Apenas as respostas acalmam. Mesmo não sendo verdadeiras, e nunca o é!
Ao querer respostas nos afogamos num mar de dúvidas ininterruptas, insatisfatórias sempre.
Livros, ciência, filosofia, política, conhecimento. Tudo parcela dessa construção de muros tortos, sustentado por pilares de degradação iminente.
Triste cidade de vanglórias e derrotas, onde a busca pelo mesmo, nos coloca nessa competição de poucos vencedores. Todos ansiosos de reconhecimentos, ambiciosos acima do sustentável. Nesse jogo sem regras claras, apenas rabiscos em lápis para que cada um permaneça onde está.
E como numa fuga de descontentes, desejamos desesperados, o lugar comum. Aquele canto da cidade onde poucos vão, apesar de a possuirem. O canto dos prazeres sem fim, satisfação plena. No ínfimo pedaço de si que ainda permanece inalterado, mesmo relutante. No lugar que "O homem" inexiste. Sem muitos segredos, o canto onde as coisas são vividas, e só!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pensamento caleidoscópico

  • Vejo que um ótima vida deve estar relacionada ao nível de felicidade construída. Quanto mais intensa e prazerosa se torna nossa vida mais felizes somos. Daí penso: Poderei eu dizer viver melhor que outro considerando nossas escolhas e decisões?
  • O ser humano tem a capacidade inerente de ter ambições. Cada um se apraz do espaço mais agradável, que forneça maior nível de satisfação, mas de formas diferentes. O que me desagrada talvez cause um impacto diferente em outro indivíduo.
  • Observando e conhecendo os seres, o indivíduo se depara com condições diferentes da sua, abrindo as portas das oportunidades. Apega-se a maneira que lhe convém, a fim de encontrar a felicidade. Ressalvado o caso dos "Reprimidos" - aos quais deixo meu lamento - que não permite o conhecer-se, decidir sobre suas possibilidades. Infelicidade alcançada.
  • Pensando assim, terei uma melhor vida por desfrutar de prazeres que outros de repente não desfrutaram? Ou por pensar diferente? Talvez por ter convicções e conceitos que lhe parecem peculiar?
  • Estamos todos nessa viagem de caminhos diferentes, mas todos desaguando no mesmo mar. Todos nesse mesmo barco de enjoôs e deleites. Cada qual ao seu modo. Pequenos mecanismos desse imenso sistema, onde cada peça insiste em manter-se funcionando, apesar dos conflitos. Máscaras distribuídas ao léu, escondendo os mesmos rostos desejosos, nessa "festa a fantasia". E viva as diferenças!

Entre telas (A exposição)

Lembro daquela face, que nunca vi

Naquela moldura negra da sala.

Vejo as palavras que me retornam a alegria do dia.

Você que sempre esteve tão mal, me julga por fazer-te o bem.

Faz-me bem.

Espaço incompreensivo que não me leva para a terra das surpresas,

Para a terra onde estará.

Ansiosamente te espero, não mais nesse quadro que desenha,

E ainda não revelado.


O medo que te chama me entristece,

Pois o mundo irreal não mais nos pertence.

A verdade é a mentira daqueles que sorrem,

E escondem a tristeza por trás das cortinas.

Torcemos mentir sinceramente... Para ser feliz.

Isso nos extingue. Temos medo.

Só me conforto em te encontrar no mar.

Pois, estaremos juntos, nessa tela de desejos.

E chegaremos lá. Expondo nossos quadros.

Cárcere dos livres

Hoje, segunda-feira, acordo, mal-humorado, penso se consegui esquecer dos fatos de ontem. Ainda não. Reluto em manter-me no caminho dessa rotina de desprazeres. Insustentável mentiras.
Assim, inicia-se mais um dia. Saio de casa, olho as pessoas em volta ostentando em seus ilustres lares sem modéstia as faces que nos separam. Caminhando nesse rumo sem alvo, apenas uma estrada de pensamentos sem fim.
Chegou, finalmente, a conclusão do dia. Tão esperada esperança de melhoras, sem sucesso.
Parece tão encantador a vida e suas maravilhas, e o que pode nos oferecer, revelar, inesquecer, surpreender, mais ainda, desfrutar, porém tudo soando apenas como vozes a serem perseguidas.
Tão necessário é mantermos nesse círculo de vícios, coberto de um cenário escuro de lamentos reprimidos. Todos parte dessa mesma rotina, incessante, todos vagando no mesmo barco de desembarque desconhecido, apenas esperamos...